Como você deve saber, países como o Brasil possuem uma história rica em matéria de cafés especiais (na maior parte do tempo feitos para exportação). Porém, estes cafés costumam ser mais caros que seus concorrentes.
Você sabe por quê?
O produto foi responsável pelo desenvolvimento de regiões inteiras e deu até nome à política de concentração de poder nas mãos de famílias paulistas e mineiras (a chamada política do café com leite). Hoje o café continua a ser um produto valorizado, mas a forma de produzi-lo mudou, e com isso, surgiu a chamada ‘Terceira Onda do Café”.
O termo “Terceira Onda” foi criado em 2002 e faz parte de um movimento em busca de um café artesanal e de qualidade que começou ainda em 1960. Movimentos como este já existem em locais como os EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Escandinávia.
Ele hoje é usado para denominar o movimento de produção de cafés especiais de alta qualidade e feitos artesanalmente.
O movimento se baseia na forma como outros produtos – considerados “finos” – são produzidos, incluindo o vinho e o chá. A ideia é considerar o café como um produto de consumo final ao invés de enxerga-lo apenas como uma commodity.
Com a mudança de visão, surge também um outro mercado. Alguns cafés que eram considerados trabalhosos de serem produzidos e pouco lucrativos foram redescobertos por produtores.
Geralmente, esses cafés eram mais suscetíveis a doenças e tinham um nível de produção mais baixo. Porém, apresentavam sabor e aroma diferenciados.
Uma mudança de olhar em relação aos cafés especiais
Se hoje você consegue tomar café de qualidade e gourmet, saiba que a chamada “Terceira Onda” tem muito a ver com isso.
Foi graças a esta mudança de visão que os produtores de muitos países saíram de um modo de produção visando quantidade para a busca da qualidade. Além disso, o café gourmet pode ser vendido a um preço de mercado mais caro, justificando o investimento inicial que o produtor precisa realizar para se adaptar à nova maneira de trabalhar.
Como explicado, o café especial precisa de mais cuidados que o café produzido em larga escala. Além disso, o controle de pragas e doenças segue uma outra dinâmica.
Neste caso, a qualidade final do produto começa ainda no momento do cultivo e na forma como os frutos são colhidos e processados, eliminando-se, muitas vezes, técnicas mecânicas e investindo-se em maneiras artesanais de se lidar com o café.
A comercialização do produto também muda, dando origem a uma cadeia diferenciada. Dessa forma, surgem cafeterias especializadas em cafés especiais e artesanais.
A importância da região de produção
Normalmente, o café gourmet ou café artesanal dá origem a microlotes do produto e são altamente influenciados pelas características do microclima da região onde foi plantado.
São cafés que carregam consigo a história da própria região e possuem cores, cheiros e sabores que podem ser encontrados apenas no local do plantio.
É por isso que o café artesanal costuma ser mais caro: além de ser produzido de uma maneira diferenciada, ele costuma ser mais raro e encontrado em pequenas quantidades. Sem contar que cada produtor tem a sua própria história e fazem cafés que não se repetem, como impressões digitais.
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